Quem sou eu

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Graduado em Filosofia, no ano de 2009. Portanto, um eterno estudante de filosofia, ingressei no curso de Licenciatura em Filosofia, em 2005, na Universidade do Estado do Rio Grande do do Norte, Mossoró. Dedicando estudo a área da filosofia Política, área esta onde defendi monografia tendo como tema "A educação como um instrumento de desalienação". Também sou poeta. E antes de tudo um admirador das artes, entre elas a retórica. Em 2009 ingressei na especialização em ética e política.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A regulamentação de profissões ou o velho jeitinho brasileiro?

O velho jeitinho brasileiro está com tudo e não está prosa. Estamos nos referindo ao Senado Federal que esta semana aprovou projeto de lei regulamentando as profissões de mototaxista e motoboy no Brasil. Há vários anos essas profissões já existiam de fato e agora; de direito.
Algum leitor estranhará nosso posicionamento frente a uma medida que, certamente, permitirá a milhares de pessoas a manutenção das condições de sua sobrevivência. E com certeza acelera o desenvolvimento do mercado de vendas de motocicletas, que inegavelmente é um dos que mais cresce no nordeste.
Não somos contra as pessoas que há anos estão conseguindo o seu ganha pão sobre duas rodas. O que somos, terminantemente, contra é sobre o poder público que utiliza de suas atribuições legais para transferir ao próprio cidadão a responsabilidade de encontrar a cada dia novas formas de ganhar seu alimento diário.
Essa semana foram os mototáxis e motoboys. O mês passado tinha sido a vez dos cabeleireiros, manicures, entre outros, profissionais da estética, que conseguiram sob força de lei finalmente o reconhecimento de suas profissões.
Vemos como pertinente o ocorrido. É mesmo uma atitude louvável dos nossos senadores e com tamanho esforço resgatam da clandestinidade esses nossos irmãos que há muito tempo penavam, entre uma blitz e outra, no caso dos motoboys e mototaxistas. Entre uma e outra fiscalização, no caso dos profissionais que tratam da estética.
Ademais não concordamos o fato desses profissionais que há tanto tempo já estavam a batalhar pela sua sobrevivência, venham agora a serem transformados em números, e estatisticamente sirvam somente para cálculos e/ou registros de índices de trabalhadores com emprego formal. Se levarmos por este lado, a benevolência de nossa classe política, ao cair das mascaras revelar-se-á, em uma artimanha maquiavélica. Uma forma mesquinha de garimpar votos para o pleito que se aproxima.
Sim amigos. 2010 já vêm chegando. E esperamos que o povo não interprete essa esmola, como fruto de bondade. O que ainda não dizemos aqui, é que a regulamentação da profissão mototáxi, encobre sob este manto do reconhecimento de uma profissão, o descaso que os governantes têm com o transporte coletivo de qualidade.
Mossoró já contava com uma lei municipal que regulamentava a profissão de mototáxi. E vemos que isso não foi o bastante para nos dar um serviço de qualidade. Nós poderemos perceber isso pelo numero de mototaxistas irregulares em nossa cidade, a fiscalização é quase inexistente. E os alternativos, quando irão regulamentar?
Parece que os que governam nossa nação não estão muito interessados em um transporte coletivo de qualidade, ainda não atentaram para o fato que um transporte público de qualidade, implicaria numa redução nos níveis de poluição do ar, já que muitos se sentiriam mais confortáveis em deixar seu carro em casa e ir para o trabalho de ônibus.
Isso não seria uma garantia, mas a nosso ver é nas grandes cidades do mundo que se valoriza o transporte público. Mas ao contrário, o que ocorre em nosso país é a falta de um transporte coletivo de qualidade, o que nos tem feito a cada dia buscar outras novas alternativas de locomoção. Estamos nos assenhoreando de uma prerrogativa exclusiva do Estado. A obrigação pelo transporte coletivo público é cada um por si.
Além do mais, ao reconhecer a profissão de mototáxi, nossos políticos estão se eximindo da obrigação de investir fortemente no transporte coletivo. Nossos ônibus estão cada dia mais sucateados. E como falta a fiscalização, os ônibus que não tem mais condições de circular nas capitais, muitas vezes ganham uma nova pintura e chegam ao interior como sendo novos.
É a partir desse desrespeito que a classe política tem com a sociedade de uma maneira geral, e principalmente, com a classe assalariada, e, portanto, para aqueles que utilizam dos transportes públicos coletivos. Sendo assim, vemos tais regulamentações como populista e irresponsável.
Não é regulamentando profissões, existentes há décadas que aumentaremos os índices de emprego formal. Daremos sim, um salto positivo nesse setor, investindo em novas tecnologias. Fortaleceremos nossa economia, abrindo novos postos de empregos. A regulamentação é apenas uma maneira de reconhecer no povo brasileiro, uma força incessante de buscar o seu melhor. É simplesmente uma necessidade de valorizar nossa luta diária pelo engrandecimento pessoal e a formação de um caráter determinado, que é a marca do brasileiro.

Fabio Alves Valentim, Filósofo.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Quincas Borba: Uma visão acerca do Homem em seu Estado Aparente

O Homem em seu Estado Aparente, como veremos agora através de um personagem de Machado de Assis. Na obra (Quincas Borba), o escritor Machado de Assis demonstra de forma bem nítida, com o personagens Rubião, o que ele já fez com outros de seus personagens, o esforço que o homem faz na criação desse "Estado Aparente”. Rubião é um professor interiorano, não tem muitos amigos, mas um desses, o estranho Quincas Borba ao morrer o deixa como herdeiro Universal, todavia Rubião terá que cumprir com a responsabilidade de cuidar de seu cão que também se chama Quincas Borba. Rubião não sente muito afeto pelo cão, mas como teme perder a herança se sente obrigado a cuidar dele. Outro fato que o leva a tratar o cão com carinho é Rubião imaginar que a alma do defunto amigo Quincas Borba habite no corpo do cão. O homem está a todo o momento preocupado em agradar as outras pessoas, ele se acha eternamente vigiado, faz de tudo para passar uma boa impressão. Essa eterna sensação de ser vigiado quer seja por uma força superior (Deus), ou até mesmo os demais partícipes da sociedade fazem com que o homem se esconda em uma verdadeira muralha que o deixe mais seguro frente aos outros. O homem não pode de modo algum se permitir ser surpreendido sem máscara, em seu estado cru, natural. Rubião querendo ser aceito assume padrões que diferem do seu real estado de ser. Rubião se torna um homem rico, que mora na Corte, faz novos amigos, vai ao Teatro, a festas, veste belas roupas, no entanto, isso não significa que todas essas mudanças aparentes tenham mudado seu “Estado de Ser Interior”, essas modificações superficiais apenas camuflam seu modo de ser provinciano. Rubião a cada momento estar em negociação para obter um melhor posicionamento na sociedade. De professor interiorano ele vai galgando cada vez mais um lugar de respeito e honra. O homem no seu projeto pessoal de auto-afirmação sente a necessidade de ser reconhecido pelos demais seres da espécie. Do mesmo modo que ocorre entre os outros animais, onde a fêmea se enfeita na conquista do macho e busca nele características como força, poder de liderança frente aos demais e o macho por sua vez busca aquela que possua melhor aparência, que se destaque em relação às outras fêmeas, entre os homens também há esse jogo de conquista. No entanto, não ocorre somente nas relações de cunho sexual, mas entre pai e filhos, entre amigos como também nas demais relações inter-pessoais. É através do outro que o homem se vê. E esse Homem Aparente se sente pressionado pelo outro a estar cada vez mais buscando uma melhor maneira de ser visto em sociedade. Mas qual será a espessura da lâmina que divide a sanidade da loucura? Onde será o ponto limitador de esforços na busca de uma identidade aparente, antes que o homem adentre os jardins obscuros e os terrenos pantaneiros da sandice certeza esses limites não foram observados pelo Rubião que se perdeu no seu desejo de auto-afirmação de grandeza, o homem está a todo o momento desafiando esses limites. Na sua tentativa de criar uma melhor imagem perante os outros, estes acabam acreditando naquilo que fantasia, dando seus desejos como se fosse verdade. Rubião sem perceber a cobra trilhando o mesmo caminho do seu finado amigo Quincas Borba se colocando cada vez mais em um mundo imaginário. Enquanto o Quincas Borba em sua loucura se achava um grande filósofo fundador de uma nova ideologia, o Rubião por sua vez se acha o próprio Napoleão III. A construção dessa identidade aparente pode ser um risco pra saúde mental do homem. Se esta não for bem estruturada é um posso certo para um distúrbio mental de grandes proporções.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Por que Vidraça de Sofia?

Pelo que entendemos está se concretizando todos os objetivos de nosso blog. A idéia central quando desenvolvemos este ciber espaço era justamente se colocar em posição de Vidraça, nosso conhecimento, ou nossa busca pelo conhecimento como é mais apropriado, e filosoficamente dito, como uma busca incessante por está próximo do saber, do conhecer e por isso ser um amante do saber, um filosofo.
É assim que estamos, a postos e esperando as pedradas. Que estas venham em forma de criticas, de indagações filosoficas, de aconselhamentos morais ou éticos. É assim que pensamos a filosofia, como um despertar intenso de questionamentos necessários para o bom desenvolvimentos do pensamento em busca de respostas e soluções que definitivamente desembocaram em novas interrogações!

Uma possibilidade de existência do homem em seu estado natural

Buscaremos através desta pesquisa mostra o que acreditamos ser uma possibilidade de existência do homem em seu estado natural. Como seria a figura deste homem natural? Eu vejo como um exemplo bem aproximado deste Homem Natural o Diógenes, que era conhecido na Grécia antiga como o Cínico e que era contemporâneo de Alexandre, O Grande. Este seria um bom exemplo levando-se em conta o seu modo de vida sem se preocupar com o que os outros poderiam pensar ao seu respeito. “Um episódio tornado famoso e, ademais, marco simbólico, define o espírito do cinismo talvez melhor que qualquer outro: Certa vez, Diógenes estava tomando sol quando Alexandre lhe questionou sobre o que ele (Alexandre) poderia fazer por Diógenes ao que foi logo respondido: Saia da frente do meu sol.” (Reale e Antíseri, 1990, p.233). Nada que o Grande Alexandre pudesse lhe dar naquele momento seria mais importante para Diógenes que o sol, que estava ali à vista de todos. O Homem Natural como nos parece, não se preocupa com ornamentações que o farão ser aceito em sociedade. Ele deve ser Apolide, porque a Polis é expugnável e não o refúgio do sábio. ”( Reale e Antíseri, 1990, p.234), mesmo por que ele não está nem um pouco preocupado com a maneira como os outros o verão.
Diógenes também era conhecido por mesmo durante o dia sair às ruas com uma lanterna e indagando a todos que encontrava pela frente a respeito do paradeiro do verdadeiro Homem. “Onde esta o verdadeiro Homem?”, “Onde ele se encontra?” Dizia Diógenes. (Reale e Antíseri, 1990, p.231) Mas onde está esse Homem Natural? O homem Natural só poderá ser encontrado na medida em que o homem passe a viver de acordo com a sua mais autêntica essência; “Busco o homem que, para além de toda a sua exterioridade, de todas as convenções e do próprio capricho da sorte e da fortuna, sabe reencontrar sua genuína natureza, sabe viver conforme essa natureza e, assim, sabe ser feliz”. (Reale e Antíseri, 1990, p.231). Pensamos aqui um homem que possa viver apenas de acordo com a sua verdadeira e, se assim podemos falar natural forma de ser.

As desventuras de Chicó e João Grilo

I
Desde pequeno o menino
João Grilo se ocupava
Fazendo de tudo um pouco
Em qualquer coisa trabalhava
Conseguindo algum trocado
Ia vivendo o coitado
A fome ele enganava

II
Não tinha nem pai nem mãe
Era sozinho na vida
Um dia aqui, outro ali
Buscava a melhor saída
Era mais um retirante
Fugindo sempre diante
De terras seca e sofrida

III
Mas pouco a pouco o menino
Ia se adaptando
Para viver melhor
Estórias ia inventando
Usando de esperteza
Já tinha com mais certeza
Um lugar pra ir morando

IV
Conheceu então Chicó
Tornando-se seu amigo
Este vinha de viagem
Buscava ali um abrigo
Um lugar pra trabalhar
Pra poder se sustentar
Deixando de ser mendigo

V
Um emprego encontraram
Com o dono da padaria
Um salário miserável
Para quase nada daria
É certo que ao menos pão
Numa ou outra ocasião
Mesmo duro ele teria




VI
Chicó era um amarelo
Safado e namorador
E se encantou um certo dia
Com a mulher do seu senhor
Êta que mulher chifreira
Vestia-se como freira
Mas tinha fogo abrasador

VII
João Grilo e chicó viviam
Com o diabo gostava
Querendo ser os espertos
Todo o povo enganava
Não respeitavam ninguém
O padre e o bispo também
Esses dois sempre enrolava

VIII
Um dia se deram bem
Usando de ousadia
Enganaram Vicentão
Que todo o povo temia
O valentão da cidade
Que mesmo com pouca idade
Arrotava valentia

IX
O caso foi o seguinte
Preste muita atenção
Com bastante sutileza
E usando de educação
Com um plano engenhoso
Sendo muito cuidadoso
Enganaram o valentão

X
Para conquista Rosinha
Moça bonita da cidade
Filha de Antonio Gomes
Coronel cheio de maldade
Organizaram um trielo
Chicó quem ligava o elo
O valentão e autoridade

XI
O cabo noventa e um
Cheio de boa intenção
Para conquistar a moça
Mandou por João um cordão
Vicentão mandou pulseira
Homens de formas grosseiras
E com amor no coração

XII
João Grilo com artimanhas
Organizou num instante
Em frente a catedral
Aquele encontro marcante
Um froxo e dois valentes
Num duelo diferente
Com Rosinha adiante

XIII
Na hora marcada então
Em frente a catedral
Toda gente da cidade
Esperava afinal
O desfecho da estória
Quem então teria a gloria
De valentão do local

XIV
Chicó se posicionou
No meio dos valentão
E começou a contagem
Sem ter revolver na mão
Os valentões se olharam
Depois se acovardaram
Na hora da decisão

XV
Correram sem olhar pra trás
Cada um foi para um lado
Chicó foi o vencedor
Pelo povo aclamado
Espalhou-se então a fama
De ter jogado na lama
O nome dos dois coitados

XVI
Daí em diante então
Toda a cidade falava
Da coragem de Chicó
Que os valentões expulsava
E seu amigo João
Que lhe daria ocasião
Pra vencer quem o humilhava


XVII
A pobre menina rica
Escolher não poderia
O seu amado Chicó
Que seu marido seria
Pois seu pai coronel
Ganancioso e cruel
Já mais o aceitaria

XVIII
O João Grilo fez um plano
Com toda boa intenção
Pra unir a pobre rica
E o rico pobretão
Fez de Chicó fazendeiro
E este sem ter dinheiro
Foi em busca da mansão

XIX
Chegaram então na mansão
Do coronel fazendeiro
Para acertar o casório
De Rosinha e do herdeiro
Chicó o falso ricão
Doutor sem anel na mão
Bolso liso sem dinheiro

XX
O coronel interesseiro
Já aceitava o casamento
Foi quando chegou o padre
Começando o sofrimento
Pois conhecia Chicó
Que era pobre de dar dó
Um sujeito sem remendo

XXI
João Grilo com esperteza
Foi falando da herança
Que Chicó tinha ganhado
De sua tia Esperança
Uma mulher que viajava
Que viúva a muito estava
Do dono do Banco Aliança

XXII
João Grilo também falou
Da igreja reformada
Pra o grande casamento
Teria de ser restaurada
O padre já foi gostando
Um sorriso escancarando
A estória era mudada

XXIII
Porem, pensou o coroné
Temendo enganado
O Chicó sendo o noivo
Cuidara do seu noivado
Organize o casamento
Pague do bolso o evento
Que eu aceito de bom grado

XXIV
João Grilo e Chicó pediram
O dinheiro emprestado
Pois sabiam que não tinham
Como fazer o combinado
Pensando em organizar
Outro plano para escapar
Pois não tinha um cruzado

XXV
O coronel já cismado
Resolveu lhes emprestar
Mas deixou uma condição
Para o empréstimo aceitar
Uma lasca de couro tirarei
Na data que eu marcarei
Se o meu dinheiro não pagar

XXVI
Chegava então o dia
Da grande ocasião
Do casamento esperado
Um plano tinha João
Para os noivos fugir
Se ele não conseguir
O dinheiro da obrigação

XXVII
Mas a cidade então
Foi neste dia invadida
Por lampião e seu bando
Atrapalhando a partida
O bando de lampião
Pegou Chicó e João
Era o fim de sua vida


XXVIII
João Grilo como sempre
Um sujeito inteligente
Falou de uma gaita mágica
Que fazia toda gente
Que morreu ressuscitar
Depois de se encontrar
Com o Deus onipotente

XXIX
Para provar o seu dito
Furou Chicó falsamente
Este caiu sangrando
Se mostrando convincente
Graças a uma bexiga
Que tinha junto a barriga
Pro plano que tinha em mente

XXX
Lampião acreditou
Que a gaita era sagrada
E pediu a um cangaceiro
Que lhe desce uma facada
Pois ele achava que iria
Pro céu ver santa Luzia
E ter a vista restaurada

XXXI
Quando o cangaceiro viu
Que a gaita não funcionava
Mesmo ele tendo tocado
E Lampião não voltava
Vendo a volante chegando
Foi logo atirando
Pra vê quem acertava

XXXII
Acertou logo João Grilo
Que caiu de vez no chão
Quando Chicó viu aquilo
Deu uma de valentão
Atirou no cangaceiro
Com um balaço certeiro
Da arma de Lampião

XXXIII
Todos então chega enfim
Para o juízo final
Com excesso de Chicó
Que se livrou do mal
Chega então no lugar
O cão tinhoso que estar
Com sua fúria infernal

XXXIV
Êta que a freguesia
Hoje é das melhor
O inferno fica cheio
Pois aqui sou o maior
Se o outro ta sumido
Esse povo atrevido
Vai ter o destino pior

XXXV
Salva-me ó Deus do céu
Da terra és criador
Livrai-me deste demônio
Infiel contestador
Que busca arrebanhar
Pro inferno encaminhar
Esse seu adorador

XXXVI
Agora virou poeta
O amarelo encardido
Buscando ajuda do homem
Dando uma de sabido
Se passando de bondoso
Eta que bicho tinhoso
Mas se vê que ta perdido

XXXVII
Perdido esta você
Que busca em vão me levar
Pra aquele lugar sombrio
Que você devia estar
Já deixe de assombração
Siga sua direção
O inferno é seu lugar

XXXVIII
Cale a boca seu João Grilo
Que eu já to sem paciência
Fica ai me provocando
Com a sua impertinência
Acabou o converser
Vamos agora descer
Para a minha residência


XXXIX
Nem morto eu desço lá
Com você anjo caído
Pro céu Deus vai me levar
Num to sendo convencido
Só to sendo confiante
Num Deus que segue adiante
Salvando o homem perdido

XL
Morto você já esta
Não se faça de lesado
Nem perturbe o grande Deus
Que sempre tá ocupado
Vamos comigo agora
Deixe de tanta demora
Seu destino está traçado

XLI
Pare com isso agora
Deixe de me perturbar
Já disse que não vou
Nem se tu me arrastar
Pro inferno vai-te retro
Eu não sou homem correto
Mas no céu eu vou morar

XLII
Acabou a discussão
Silencio no tribunal
Boto ordem no recinto
Pois eu sou o maioral
Preste muita atenção
Ou eu tomo a decisão
Ou já vira bacanal

XLII
Com licença meu Senhor
Deixe agora eu lhe falar
Conheço todo esse povo
Posso te apresentar
Isso tudo é boa gente
Morrendo tudo inocente
Vem parar nesse lugar

XLIII
Seu João Grilo eu já sei
Sua boa intenção
Mas se esquece que eu sei
Quem aqui é bom ou não
Pois deixe de argumentar
Fique aí no seu lugar
Que eu tomo a decisão

XLIV
Senhor tome cuidado
Que esse amarelo é tinhoso
Não caia na sua conversa
Que João Grilo é engenhoso
Preste muita a atenção
Nesta sua decisão
Ou ele vai te botar no bolso

XLV
Eu sou o Deus poderoso
Dono do céu e mar
Da terra e das estrelas
Também do fogo e do ar
Não são bons e nem ruim
Ficaram melhor assim
O purgatório é o seu lugar

XLVI
Já que o amarelo conseguiu
Ser hábil e sorrateiro
Livrando assim do inferno
Todos os seus parceiros
Vou apelar somente
Pra o Senhor não ser clemente
Com João e os cangaceiros

XLVII
João Grilo eu vou dizer
Agora ta complicado
O purgatório tá cheio
Não cabe ninguém tá lotado
Seja mais eficiente
Com argumento convincente
Se não será derrotado

XLVIII
Mas tudo tem solução
Se o Senhor permitir
Peço ajuda dos santos
Pra poder me assistir
Compadecida e Luzia
Livra-me dessa agonia
Pra poder me redimir


XLIX
Senhor seja bondoso
Com esses pobres cangaceiros
Que não tiveram escolha
Desde cedo sem dinheiro
Trabalhando desde a infância
Tratados com ignorância
Pelos ricos fazendeiros

L
Não tinham o que comer
Nem tampouco educação
Sofrendo feito animais
Por este imenso sertão
Foram sozinhos na vida
Vivendo sua triste lida
Dê-lhes agora o perdão

LI
Ao menos este amarelo
João Grilo eu vou levar
O inferno esta vazio
Garanto ele vai gostar
Esta tudo decidido
Esse amarelo metido
Vai no inferno morar

LII
Dê outra chance Senhor
Livre ele do sofrimento
Ajudou todo esse povo
Na hora do seu lamento
Deixe-o pra terra voltar
Ele se arrependera
E vai pro céu noutro momento

LIII
Foi dessa forma esperta
Que se livrou o João
Do inferno e do diabo
Com a sua opressão
Voltando pra terra contente
Alegre e sorridente
Pra Chicó o seu irmão

LIV
E foram então falar
Com o bravo coronel
Chicó, Rosinha e João
O seu amigo fiel
Pra falar do casamento
E pagar o juramento
Que reza o contrato cruel

LV
A linda e esperta Rosinha
Usando muita destreza
Leu o contrato na mão
Linha a linha com certeza
Lasca de couro pode tirar
Mas pro sangue não derramar
Use de toda a firmeza

LVI
O coronel percebendo
Que havia sido enganado
Expulsou a sua filha
Com seu marido safado
Foram embora com João
Seguindo sua direção
O coronel foi abandonado

LVII
Essa é mais uma estória
Das muitas que o povo conta
De João Grilo e Chicó
E das coisas que eles apronta
De sua grande esperteza
Vivendo de incerteza
No sertão de ponta-a-ponta.

Fabio Alves Valentim ,23/11/05

Escrevi esse cordel em 2005, hoje sou filosofo graduado pela UERN, e estou me especializando em Ética e Filosofia Política, continuo escrevendo poesia e contos que vez por outra publico no recanto das letras.


P.S. DESCULPE SE A NUMERAÇÃO ROMANA ESTIVE ERRADA É QUE FAZ MUITOS ANOS QUE NÃO ESTUDO ISSO.

sábado, 16 de janeiro de 2010

A Mossoró que eu quero nós podemos conquistar

Vou contar uma estória
De um fato ocorrido
Ou de um sonho bem real
Isso até hoje duvido
Se estava era acordado
Ou se tinha adormecido

Só sei que era uma cidade
Onde tudo funcionava
Suas ruas bem limpinhas
Nem piuba encontrava
Espalhadas pelo chão
Os garis tudo limpava

Na pracinha tinha balanço
Pra meninada brincar
Bancos pintados também
Pra quem quiser descansar
E muita arvore com frutos
Pra mode alguém se trepar

Fui andando e observava
Tanta beleza que via
A cidade respirava
Suspirando alegria
A pleno pulmão, gritavam
A paz aqui contagia

Era uma tranqüilidade
Andar por cada viela
Rua acima, rua abaixo
Seguindo a passarela
Que os pedestres ganharam
Para passear por ela

Fiquei de boca aberta
Vendo tal investimento
Ninguém ali parecia
Ter na vida sofrimento
Tudo tava em bom estado
Sem motivo pra lamento

Fiquei um pouco pensando
Que estranho era isso
Será que tinha morrido
E cheguei ao paraíso?
Acho que ainda é cedo
Pois eu tenho compromisso


Os muros tavam pintados
Nada lembrava eleição
Nenhum menino pedindo
No sinal uma doação
Muito menos tinha alguém
Com o carro na contramão

Sentei e fiquei pensando
Que está acontecendo?
Nenhum amarelinho apitando
Pedindo meus documentos
Ninguém na praça gritando
Cristo é nosso salvamento

Achei isso muito estranho
Era uma chateação
Tudo perfeito demais
Num ouvia reclamação
Parece até que não tinha
Ninguém na oposição

Fui pros bairros afastados
Pra vê se isso mudaria
Tudo que é rua calçada
Massapé ninguém não via
O saneamento básico
Em cada casa já ia

Fiquei olhando isso tudo
Lembrando coisa por vez
Isso tudo é utopia!
Tive então uma lucidez
Por que Mossoró não faz
Metade do que aqui fez?

Lembrei de todo o progresso
Quem em Mossoró tem chegado
Sal, petróleo, e cimento
Na balança tem pesado
E o mercado de imóveis
Cada dia aumentado

Cidade universitária
Mossoró se transformou
Com UERN e UFERSA
Isso se consolidou
UNP é particular
Mas o público alcançou


Os serviços é outra estória
Aqui não funcionam bem
Água encanada parece
Que em toda casa tem
Mas quando chega é atrasada
Com cor e sabor ela vem

A energia é cara
É um verdadeiro assalto
Até iluminação pública
Faz o valor dar um salto
As lâmpadas dos postes quebradas
Cada esquina é: “mãos ao alto!”

Pois falando de assalto
Dou seqüência a estória
Lembrando a prisão
Canto feito pra escória
Aqui entra tudo com os diabos
Logo sai gritando glória

Vi que não daria certo
Trocar Mossoró por lá
Uma cidade perfeita
Sem nada pra reclama
De quem esse poeta
Poderia então falá?

Aqui num falta assunto
Para transformar em verso
Tem até o Zé buraco
Que já tem feito sucesso
Pois buraco aqui não falta
Dizem até que é excesso.

Se a classe se unisse
Dos que anda engravatado
Políticos e empresários
Tudo isso era mudado
Mas a briga é muito grande
É primo com primo e cunhado!

As brigas intestinais
Pois é tudo caso interno
Família se separando
Para o poder ser eterno
Passando de mão em mão
De um modo não fraterno


Isso aqui é tão normal
Cada um que é pió
Um e outro vão mandando
Pensando ser o melhó
É a corte dos laranjas
No País de Mossoró!

Vou parando por aqui
Pro sôme num chateá
Mas num falei uma mentira
Quem quiser pode ir olhá
Pois a terra que falei
É pra lá do Ceará

O difícil é a estrada
De você pra lá chegar
O aeroporto num existe
É preciso consertar
Só num empresto a carroça
Pro jegue num reclamar

Ele já me confessou
Que só perder a razão
Se um desses por aí
Que aparecem na eleição
Vier pedir o seu voto
Te chamando de irmão

O fulando pára longe
Um coice ele vai levar
Por causa do desrespeito
Do bichinho esculhambar,
O melhor que tu faria
Era outro rumo tomar.

Agora acabou mesmo
É o verso derradeiro
Espero que Mossoró
Mude o rumo bem ligeiro
Que os político daqui
Sejam honesto e verdadeiro!

Fabio Alves Valentim, licenciado em Filosofia pela UERN, especializando em Ética e Filosofia Política pela UERN, Poeta e contista.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Saíam da Caverna

Estamos revendo um pouco a filosofia política a partir do pensamento de Platão e começamos a imaginar como é um texto bastante atual o capítulo VII da República. O livro VII trata sobre o mito da caverna,
Segundo Platão, a caverna é como estamos sem o conhecimento da verdade e o modo de sairmos da caverna é buscar e encontrar essa verdade. Vemos esse desconhecimento da verdade quando nos colocamos como observador político da atualidade.
O que vemos nessas observações é que há por parte de uma grande parcela daqueles que cumprem o papel de formadores de opinião uma total falta de comprometimento com a ética. É um tal de rabo preço, toma lá da cá, que Deus nos livre! Como diria meu avô, é o sujo falando do mal lavado.
Tem político que se dizia honesto e vindo das classes operárias que agora une tudo que é forças para manter antigo adversário no poder, outros que prometeram por todos os santos que seus sucessores iam manter o crescimento da cidade e agora olham de braços cruzados a cidade se desmanchando entre um escândalo e outro, e entre um e outro xexo naqueles que trabalham para seu crescimento. Onde é que vamos para meu senhor? Será que esse povo num sai da caverna nunca?
Para Platão, a verdade só é possível de encontrar através da reflexão, essa reflexão é mediada pelo ócio, isso mesmo, o descanso despreocupado nos ajuda a pensar, a racionalizar... a reflexão é um ato de você se voltar para dentro de si em, busca do conhecimento, o conhecimento está dentro do homem, como nos mostra Platão, portanto, para ele, a verdade habita no homem.
Assim, a partir do momento que o homem descobre a verdade ele se liberta da caverna, e passa a ser livre. Podemos notar que são poucos os que trabalham com as noticias que são realmente livres, muitos não são justamente por, os jornais onde estes trabalham são ligados há algum grupo político, outros por que temem os processos ou mesmo agressões por parte daqueles que temem a verdade.
Isso ocorre no Brasil, na França, no Uzbequistão, no país de Mossoró e em todo lugar. Como disse Sófocles, em sua obra Antígona, “Não há espaço para orgulho no peito de um escravo, há os que mandam e os que obedecem”. Tanto lá como aqui é tudo a mesma coisa, a mão do poder é pesada, e para se livra dela tem que sair da caverna, se libertar da mesmice, e do é dando que se recebe.
Aqui ocorre a mesma coisa que no mito de Platão, quando alquém se livra, passa a compreender que não tem com quem compartilhar essa verdade, volta à caverna para tentar libertar os outros que estão presos na ignorância. O problema é que ao voltar e começar explicar como tudo é realmente ele passa a ser tratado como louco.
Já vi muita gente que se diz entendida, taxar jornalistas sérios e que não possui amarras políticas de perturbadores da ordem pública. Os que ousam falar a verdade, seja ela qual for e, não temem punições por parte dos que tem ojeriza a verdade. Nós que tentamos a cada dia nos afastar da caverna, somos ditos como loucos. E estes que de peito aberto lutam em favor de uma melhor condução da administração pública quase sempre são ditos como pessoas que só querem tumultuar.
Estamos numa inversão de valores tão absurda que é mais provável que quem diga a verdade vem ser processado por injuria e difamação, e os que a omitem, gastando nosso rico dinheirinho que está nos cofres públicos possam de bons moços, casando e batizando, fazendo um verdadeiro samba do crioulo doido. Saiam da caverna, fujam dessa política de pão e circo, dessa ignorância. Como nos mostra Bertold brecht “o pior analfabeto é o analfabeto político”.


Fabio Alves Valentim, licenciado em Filosofia e especializando em Ética e Filosofia Política, UERN.

Dois brasis num Brasil só

Neste país que eu vivo
Há dois brasis diferente
Um é feito pra turistas
Tem carnaval envolvente
Mulheres de fio dental
Tem um clima tropical
Que atrai toda essa gente

O outro Brasil é do povo
Esse é mais complicado
Falta lazer e comida
Há muito desempregado
O homem lobo do homem
A miséria os consomem
Tá tudo descontrolado

Esse Brasil dos turistas
É muito mais divertido
Tem festas o ano inteiro
Pelo mundo é aplaudido
Cada dia vem mais gente
Pra esss Brasil atraente
O turismo tem crescido

O outro Brasil é carente
É dos mais necessitados
Tem as crianças doentes
As quais aspira cuidados
Falta um governo de ação
E no campo da educação
Há poucos alfabetizados

Tem gerado dividendos
Esse Brasil dos turistas
Da classe empresarial,
Dos banqueiros e artistas
Da minoria burguesa
Dona de tanta riquesa
Eta nação elitista

Tem passado muita fome
Esse meu Brasil cabôco
Que a maioria do povo
Vive em casa sem rebôco
Neste Brasil nordestino
Que sofre desde menino
E vai morrendo aos pôco

É dois brasis diferentes
Em uma mesma nação
Um é o Brasil dos ricos
Que todos vive em mansão
O outro é esquecido
Menino de ventre crescido
Que andam de pé no chão

Esse Brasil que é carente
Também pode melhorar
Basta que os governantes
O povo queira educar
Há muito para crescer
É importante aprender
Que o povo quer trabalhar

Dois brasis num Brasil só
Que precisam se unir
Juntando todas as forças
Pra naçao evoluir
Acabar com a violência
Usando de inteligência
O Brasil vai progredir.

Fabio Alves Valentim

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Capa de Jornal

Renato pequeno
Menino danado
Sentado sozinho
No meio do nada
Pitava um cigarro
Bagulho pesado

Falando pro vento
Olhando de lado
Com lágrima no olho
Sofrendo calado
Perdido no tempo
Entregue à sorte

No meio da noite
Morreu o coitado
Por causa de um carro
Desgovernado
Caiu no asfalto
Seu corpo em pedaços

Agora a cidade
Conhece o menino
Vítima fatal
Capa de jornal
E outras crianças
A cada instante tem mesmo final.

Fábio Alves Valentim, 25/11/04

A menina da rua

Na noite Diana
Mirava a lua
Na rua fazia
Na noite escura
Diana nua
Diana sozinha
Na rua dormia
Na noite fria
Com sede
E com fome
Vendia seu corpo
Perdia sua vida
Diana chorava
Entristecida
Infanticida
Matava sua infância
Nas ruas da vida!

Fábio Alves Valentim, 15/08/04

Não posso falar de mim

Não posso falar de mim
Sem que fale de amor
De poesia diversas
E de momentos de dor
De tristeza e alegria
E de noites de agonia
De um homem sonhador

Não posso falar de mim
Sem que fale de razão
Da vida que é tão bonita
E da minha solidão
De vitória conseguidas
E de muitas despedidas
Correndo na contramão

Não posso falar de mim
Sem que fale da beleza
Que existe numa criança
E também na natureza
Do homem de retidão
Que age com o coração
Mesmo não tendo certeza

Fábio Valentim, 17/01/2008

O gol

Corre sozinho
Busca o movimento
O melhor lugar
Pra bela jogada
Chega o momento
Vê o lançamento
Vai em disparada
Recebe certeira
A bola esperada
Dribla um e mais outro
É contraditório
Adversários caem
Torcida levanta
Chega frente ao gol
Chuta bem mansinho
Goleiro no chão
Bola enredeada!

Fábio Alves Valentim, 16/03/05

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Altos e Baixos...

Parece que o assunto do dia é o vai ou não vai de Robinson Faria para a oposição em apoio a senadora Rosalba Ciarline, o zunzunzun é alto e parece que ainda fica um bom tempo como assunto da pauta... vai chegar com certeza nos alpendres de tibau...

Em baixo está o prestigio do PSB em se tratando de campanhas proporcionais, quer seja no ambito estadual ou federal, ninguém que tenha um pouco de juizo aqui no RN quer coligar seu partido com o PSB envolvendo disputas a camara legislativa potiguar ou para a camara federal...

E assim entre altos e baixos segue a política da nossa terrinha...

A dança das cadeiras para deputado federal.

Fala-se muito na imprensa potiguar sobre quem perderia o lugar na dança das cadeiras da camara federal com a entrada de Vagner Araujo e Miguel Weber ou Paulo Wagner no jogo. A resposta é a primeira mão, Betinho Rosado, que como sabemos só está lá devido ao infortunio ocorrido com o falecimento de Nélio Dias e ele assumiu como primeiro suplente, se dependesse do povo já teria voltado de Brasilia a mais tempo. Parece que o povo cansou da falta de coragem e trabalho do senhor de pele rosada e cara de quem está doido para descer do palanque e sair de cena. Outro que disse que faria e não fez foi o Fábio. Esse já chegou dando adeus. Pelo menos é a visão que daqui eu tenho. Portanto, Betinho Rosado e Fábio Faria são meus candidatos preferidos a voltarem de Brasilia e deixar as vagas para novas caras e novos projetos pelo povo do RN. O que parece está ocorrendo com Betinho que se apaga a cada dia é fruto dos sintomas que atinge seu partido, o Democratas, que de acordo com o andar da carruagem sumirar do cenário político nacional, ficando apenas com figuração. É esperar pra vê.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Será que a educação vale a pena?


Ou estamos muito errados ou mudaram todos os valores sociais. É assim que nos sentimos quando analisamos, mesmo de uma maneira superficial, os programas sociais quer sejam de órgãos públicos ou instituições privadas. A primeira vista parece um discurso reacionário e de indignação. Pode ser.

O que eu vejo é que grande parte da sociedade brasileira ou toma atitudes paternalistas ou apóia quem as toma em relação àqueles que estão por qualquer motivo vivendo a margem da sociedade. Por exemplo, os milhares de adolescente que todos os dias se rendem ao mundo de drogas. A primeira atitude que percebemos é uma emocionada aclamação pública pelos direitos humanos, uma busca quase que diária para que estas pequenas vítimas, da própria sociedade e de suas mazelas, sejam encaminhadas para centros de reabilitação e defesa da criança e do adolescente. Nada contra. O contado com um ambiente diferente daquele que os levou ao uso das drogas será sempre benéfico.

Uma boa casa, muitas vezes com piscina, sala de jogos, ambiente de lazer e entretenimento não fazem mal a ninguém. E esse é o ambiente que esses jovens encontram a sua disposição em algumas ONGs e instituições governamentais que são responsáveis pela reabilitação desses jovens e seu reingresso na sociedade.

Mas aqueles jovens, que, aliás, são muitos, que mesmo vivendo em situação de miséria, muitas vezes sofrendo até violência domestica, e não se deixam seduzir nem por drogas e nem grana fácil, e ao contrário disso buscam na educação uma chance de mudança de vida? Por que estes guerreiros têm que conviver com uma escola que é sucateada? Por que estes alunos têm que muitas vezes perder aula por não ter um transporte público e gratuito que as levem as escolas? Por que estes pequenos cidadãos têm seus direitos inalienáveis como alimentação serem usurpados a todo o instante por falta de merenda, quando muitos saíram de casa sem ao menos um pedaço de pão no estômago? Por que tudo isso? Será que estes lutadores não merecem um voto de confiança, não merecem um tratamento digno?

Outras medidas que nos dão um ar preocupado são as várias campanhas que estão por aí pedindo aos empresários que dêem emprego àqueles que pagando sua divida por crimes estão saindo da cadeia e precisam de um emprego para efetivamente serem inseridos na sociedade. Muito justo essa justiça.

Mesmo assim, questões são postas na pauta: E os 10% dos que terminam uma escola pública aqui no Rio Grande do Norte e conseguem entrar numa universidade? Novamente os mesmos problemas! Transporte deficitário, má alimentação, falta de grana até para comprar apostilha (livro nem pensar, é um absurdo o preço de livros no Brasil), sem falar que muitos destes insistentes heróis da resistência têm que mudar de cidade para ter acesso a universidade, outras despesas se somam à conta desta tão propagada universidade pública e nem um pouco gratuita.

Nós perguntamos: Será que o sujeito, homem ou mulher, que depois de no mínimo doze anos de estudos, desde o ensino fundamental até uma graduação na universidade não merece uma recompensa? Um emprego, por exemplo, para que ele depois de tanta luta seja realmente inserido na sociedade como sujeito ativo. Será que a educação vale a pena? Esse é o questionamento de muitos que mesmo com o diploma de bacharel ou licenciado nas mãos percebem que o tempo passa e eles continuam engrossando as filas do desemprego.

Será que uma primeira chance não seria mais eficaz que uma segunda? Já que uma segunda chance necessariamente é precedida por uma primeira. Aliás, qual foi a primeira chance que 90% destes que estão sendo postos em liberdade tiveram? Mesmo assim, numa sociedade sadia, àqueles que enveredaram pelo caminho da educação certamente teria um maior reconhecimento da sociedade e seriam mais bem atendidos em suas necessidades.

O que vemos não é isso. É uma inversão de valores. Enquanto muitos terminam a graduação e continuam se especializando não tem a oportunidade de trabalhar por falta de concurso ou vagas de emprego em sua área, já outros que está há muito tempo em sala de aula sem que tenha mesmo uma graduação estão tem acesso à universidade em busca do titulo que necessitaria ter de antemão para estarem em sala de aula ensinando, outros que ensinam em áreas diferentes das que possuem diploma estão retornando a universidade em busca de uma segunda formação. Tudo isso ocorre apadrinhando por projetos governamentais. Não seria mais lógico, abrir concurso para que vagas possam ser assumidas por gente especializada? Qual o pensamento que norteia nossa sociedade? Que dirige nossos governantes? O que será que está ocorrendo?

Fabio Alves Valentim, é graduado em Filosofia e está se especializando em Ética e Filosofia Política. Ambos pela UERN.

Adeus 2009! Bem-vindos a 2010

Acabou!Graças a Deus estamos livres de 2009! Pensamos este ser o discurso da maioria dos mossoroenses quando se encontraram livres do ano que nos parece ser um dos mais medonhos e tenebrosos de nossa história política e econômica.

Presenciamos a nossa urbe indo a cada dia descendo a ladeira numa velocidade impressionante, o que no começo do ano parecia apenas uma falta de manejo especializado com o bem publico foi a cada dia piorando. O descrédito da sociedade com os poderes públicos aumentava à medida que a segurança da população diminuía.

Em junho quando realizamos a maior festa popular da cidade, o festejado Mossoró Cidade Junina, a cidade se apresentava toda maquiada. Tinha policia espalhada pelo centro, câmeras de segurança, vários eventos por toda a cidade fazendo com que cada um de nós tivesse orgulho de nossa cidade. Mesmo assim, nos mostramos realistas e em texto publicado num jornal da cidade questionamos sobre a possibilidade de Mossoró ser apenas uma cidade junina, que em outras épocas do ano não enxergaríamos o mesmo brilho e vigor na tez de nossa querida cidade.

Infelizmente estávamos corretos em nosso questionamento. Findou os festejos juninos e a cidade entrou de vez na era das trevas. Faltou água, faltaram atendimentos em unidades de saúde, faltou vergonha na cara de muitos, faltou respeito com todo esse contingente de quase 300 mil. Só não faltaram desculpas esfarrapadas sobre a crise de gestão que abalou as estruturas de nosso país de Mossoró.

Alguns tentaram de todas as formas apresentarem a mesma como uma crise econômica. Colóquio fácil para acalentar bovino. Essa crise econômica que realmente ocorreu no Brasil e no mundo, por estas datas já dava claros sinais de recuperação, por que só chegou aqui quando começou a mostrar melhoras consideráveis em outras cercanias?

Muitos pagaram pelo descaso de uma meia dúzia de afortunados. Ficamos sem auto da liberdade, sem desfile de 07 de setembro, sem respeito, sem moral. Nossa cidadania foi sendo jogada na lama, e numa jogada de mestre, nos deixaram sem o brilho natalino, A cidade ficou sem uma única lâmpada que lembrasse o período de natal. Até mesmo os semáforos foram se apagando tão triste era o clima na cidade.

Chegarmos às duras penas em um novo ano e com ele reacende ao menos a luz no fim do túnel, a esperança de um ano melhor. Lembremos de tudo que ocorreu este ano e quem foram os autores deste circo de horrores. E que Mossoró possa brilhar neste 2010 com conquistas para todos, independente de cor, credo ou qualquer outras multiplicidades que constituem nossa sociedade. Adeus 2009! Bem-vindos a 2010!Que Deus nos guie em nossas escolhas hoje e sempre e abençoe a todos.

Fabio Alves Valentim, licenciado em Filosofia e especializando em Ética e Filosofia Política, ambos pela UERN.